LENDA DA FIGUEIRA DO
CAMPANÁRIO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO
Quando os frades de São Francisco de Vinhais foram expulsos, no
ano de 1834, apesar de todo o terror e violência espalhados pelos liberais, um
frade missionário ainda teve tempo (e coragem) para subir ao púlpito e fazer um
discurso de despedida ao povo. Terminou a sua preleção com estas palavras
proféticas:
“ – SÓ TORNARÁ A HAVER MISSÕES NESTA IGREJA QUANDO VIRDES UMA FIGUEIRA NO
CAMPANÁRIO DO TEMPLO DA ORDEM TERCEIRA!”
De facto, passados vários anos, uma figueira nasceu na fenda de duas pedras do
campanário, onde ainda hoje se pode vê-la, oscilando com as fortes rajadas de
vento agreste. Tem metro e meio de altura e dá frutos que não amadurecem.
No entanto, e nesse mesmo, ano dois padres jesuítas vieram fazer missões a
Vinhais, durante nove dias; tendo, nesse período, havido muitos frutos para
eles e para os fiéis que os escutaram.
LENDA DA CAVEIRA
Um fulano encontrou, num dia de funeral, no cemitério, uma
caveira.
Sendo pouco respeitador pelas coisas sagradas, pôs-se a escarnecer daquelas
órbitas profundas e da boca escancarada, dando-lhe um pontapé. Depois ainda
disse aos amigos:
“OLHAI QUE BOCA PARA COMER UMA LAUTA CEIA!”.
Eram já altas horas da noite, quando se encontrava a cear com aqueles seus
amigos, quando bateram à porta. “QUE ENTRE QUEM TEM FOME”, exclamaram todos, a
uma só voz. Eis que surge na sala um ancião, vergado ao peso dos anos, cabelos
brancos, barba esquálida, olhos cintilantes, que se dirigiu ao fulano, nestes
termos:
“NÃO ME CONHECES?”
Ele ficou estupefato, aterrado, pálido e respondeu “ÉS MEU PAI”. Havia morrido
há muito tempo. “RESPEITA AS COISAS SAGRADAS. O PONTAPÉ QUE ME DESTE MAGOOU-ME
IMENSO; DENTRO DE ALGUNS DIAS SERÁS CAVEIRA COMO EU”. E dito isto, saiu.
Passados poucos dias, os sinos da igreja paroquial tocaram a finados. Era o
enterro do fulano.
LENDA DAS LUZES DAS ALMAS
Na aldeia e freguesia de Agrochão, do concelho de Vinhais, em
determinadas noites aparecem, no lugar do Souto, umas luzes que o povo na sua
sabedoria diz serem as almas de vizinhos falecidos há relativamente pouco tempo
e que por ali andam a penar. Quando os jornaleiros saem para os campos, ainda
de madrugada, as luzes fazem-lhe companhia. Alguns, chegados à saída da
povoação, veem as luzes e costumam dizer:
– ANDAM AS LUZES NO SOUTO. JÁ NÃO VOU!
Regressam às suas casas.
Também se conta que tem existido pessoas menos medrosas, a quem
recentemente tenha morrido algum familiar ou amigo, que se metem ao caminho a
meio da noite, com o fito de irem ter com as luzes, indagando se são ou não a
alma desses mortos, e oferecem ajuda.
Chegados perto das luzes, perguntam:
– SE ÉS UMA ALMA PENANDO E SE EU TE POSSO AJUDAR, DIZ O QUE QUERES!
Se, na verdade, se trata da alma de alguém conhecido, continua o povo, ouve-se
uma voz que enuncia as promessas não cumpridas em vida, que, na generalidade,
são missas, velas e dívidas em dinheiro para com a igreja ou pessoas do
povoado. Se todas as promessas forem cumpridas pelos sucessores, as luzes
desaparecem de imediato.
Estas lendas foram apresentadas pelo aluno João Afonso, n.º8 , do 8.ºA.
Gostei das três.
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